domingo, 15 de maio de 2011

O Owenismo

A busca por uma sociedade baseada na cooperação e não na competição é contemporânea do liberalismo que defendia a tese de que o interesse pessoal e os impulsos naturais de competição estimulavam a atividade econômica e garantiam a produção de mais bens a menor custo, beneficiando toda a nação.
Em 1799, Robert Owen (1771-1858) tornou-se sócio e administrador das manufaturas de algodão em New Lanark, Escócia. Revoltado com os maus tratos infligidos aos trabalhadores, Owen decidiu melhorar suas vidas e mostrar que era possível fazê-lo sem prejuízo dos lucros. Assim, elevou os salários, ofereceu melhores condições de trabalho, passou a não admitir crianças menores de 10 anos, deu aos trabalhadores moradia, alimentos e roupas descentes.
A partir de experiências como a de New Lanark, os owenistas elaboraram minuciosamente os fundamentos de suas idéias:
•o trabalho é a fonte de toda riqueza e portanto é a classe trabalhadora que cria toda a riqueza;
•embora os trabalhadores sejam os produtores da riqueza, ao invés de serem os mais ricos, são os mais pobres, e assim sendo, não podem receber apenas recompensas pelo seu trabalho;
•viver em comunidade sob os princípios da cooperação mútua, da posse comum e da igualdade de direitos.
Levando à prática estas idéias, os owenistas propunham como diretrizes para a cooperativa que os cooperativados se protegessem mutuamente contra a pobreza através de um capital comum, a ser constituído a partir de uma subscrição semanal, que formaria um fundo, e o investimento deste capital em atividades comerciais, a fim de gerar trabalho para seus membros.
Owen defendia que “toda a ordem econômica e social deveria ser substituída por um novo sistema baseado na convivência harmoniosa e não na competição. Rompendo suas ligações com o sindicalismo e com as experiências cooperativistas em seu aspecto mercantil, “Owen tornou-se um visionário”.[9]
O movimento Owenista atravessou embates internos profundos. Os socialistas defendiam um novo “sistema social” e os outros defendiam o Owenismo como uma nova religião racional. Em 1839, os socialistas assumiram a direção da comunidade de Queenswood, que passou a se chamar Harmony Hall, e começaram a por em prática os princípios da nova vida. Apesar das divergências, a comunidade começou a funcionar graças ao apoio de alguns ricos convertidos ao Owenismo. No entanto, com o passar do tempo, os conflitos surgiram. Alguns defendiam a igualdade total entre pobres e ricos e os outros, os ricos, não quiseram abrir mão dos padrões de vida a que estavam acostumados.
Por exemplo, empregando trabalhadores domésticos para serviços caseiros.
Queenswood fechou em 1846. Dentre os motivos, os mais relevantes foram:

•fim do apoio financeiro dos sócios mais ricos;
•divisão entre ateus e não ateus;
•divergências entre lideranças com relação à capacidade dos trabalhadores exercerem a auto-gestão.
Segundo Thompson,
“o Owenismo foi a primeira das grandes doutrinas sociais a criar no imaginário popular a aceitação das máquinas da revolução industrial pois mostrou para as massas que não era a máquina em si o motivo do lucro mas sim o controle do capital social e que a alternativa era o controle social em bases de cooperativas”.

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